Fundador da Furacão 2000, Rômulo Costa chama de censura a decisão sobre 'Um tapinha não dói'
RIO - A equipe de som carioca Furacão 2000 anunciou na quinta-feira que vai recorrer à decisão da Justiça Federal, que condenou o grupo a pagar uma multa no valor de R$ 500 mil pelo lançamento da música "Um Tapinha Não Dói", no início da década. Ao site G1 , o responsável pela equipe, Rômulo Costa,afirmou estar sendo vítima de censura, e que não teria condições de pagar a multa. "Voltou à censura?", questionou.
- Isso é cercear a nossa liberdade, não poder colocar as pessoas para cantar. É um precedente muito sério - reclamou - Com juros e correção, o valor pode chegar a quase R$ 1 milhão. Não teríamos condições de arcar com isso. Se tivesse esse dinheiro, parava de trabalhar - completou, na entrevista ao G1.
Em entrevista ao jornal Extra , o funkeiro disse ter ficado surpreso com a sentença.
- Minha surpresa maior foi a condenação, porque a música não tem ofensa nenhuma às mulheres. Era uma brincadeira. Inclusive, já se passou tanto tempo que o autor, MC Naldinho, se mudou para São Paulo. Sem dúvida nenhuma nós vamos recorrer. Afinal, quem determina qual a música que pode ou não tocar? Aqueles MCs que faziam apologia ao tráfico sempre me disseram que a condenação para eles era uma cesta básica. E a recebe uma dessas? - disse, ao Extra
Compositor da música, MC Naldinho se defende também.
- Eu fiz a música para minha filha, Carolaine, por um simples desvio que ela teve. Uma vez, dei um tapa na bunda dela, que me disse: "Pai, um tapinha não dói". Aí, pensei em fazer a música. Fiz, e ela aconteceu. Foi gravada por vários artistas, virou um hit e até hoje toca. Eu tenho orgulho de ser autor e intérprete de uma das músicas mais executadas entre 2000 e 2005. Ela foi gravada pelos grupos É o Tchan e As meninas; e saiu no DVD do Caetano Veloso. Se fosse como a Justiça está falando, a Xuxa, que trabalha com o público infantil, não gravaria - contou, ao Extra.
Decisão da JustiçaA empresa Furacão 2000 Produções Artística Ltda. foi condenada pela Justiça Federal ao pagamento de multa no valor de R$ 500 mil pelo lançamento da música "Um Tapinha Não Dói", no início da década. A ação civil pública foi ajuizada pelo Ministério Público Federal e pela Themis (Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero), em janeiro de 2003, por considerar que a música banaliza a violência contra a mulher, transmite uma visão preconceituosa contra a imagem da mesma, além de dividir as mulheres em boas ou más conforme sua conduta sexual.
Na inicial da ação civil pública, o então procurador Regional dos Direitos do Cidadão Paulo Gilberto Cogo Leivas afirmou que "esse tipo de música ofende não só a dignidade das mulheres que se comportam de acordo com o descrito em suas letras, mas toda e qualquer mulher, por incentivar à violência, tornarem-na justificável e reproduzirem o estigma de inferioridade ou subordinação em relação ao homem".
Conforme decisão do juiz substituto Adriano Vitalino dos Santos, da 7ª Vara Federal de Porto Alegre, o valor da multa será revertido em favor do Fundo Federal de Defesa dos Direitos. A quantia deverá ser monetariamente atualizada, acrescida de juros. A empresa ainda pode recorrer da decisão em instâncias superiores.
postagem retirada do site O GLOBO ONLINE
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