Rio, 40º C. De um lado, o samba, com seus pandeiros e mulatas. Do outro, o funk, com os pancadões e as "popozudas". Dois ritmos diferentes, mas com muita coisa em comum. Com essa convivência tão próxima e forte, já era de se esperar que o funk acabaria influenciando o samba de alguma forma.
A combinação pode parecer estranha, mas se olhar os dois mais de perto, ou melhor, escutá-los com mais atenção, perceberá que a batida forte é uma característica de ambos.
A bateria da Acadêmicos do Grande Rio é um bom exemplo da união dos dois ritmos. Em alguns momentos, percebe-se um toque diferenciado, uma batida vinda de fora. "Às vezes, eu faço umas nuancezinhas na bateria. Um pedacinho você bota, sai e volta. O funk é o ritmo que está em evidência porque a batida é mais semelhante. Aí, cai dentro do samba legal", conta o mestre de bateria da escola, Moacir da Silva Pinto, de 54 anos.
Segundo a funkeira Yani de Simone, de 20 anos, mais conhecida como Mulher Filé, os dois caminham lado a lado. "São duas culturas que arrastam multidões. O funk está no meu sangue. O Carnaval é uma festa mundialmente conhecida, então, está no meu sangue também". Funkeira assim como Yani, Valesca Santos, mais conhecida como Valesca Popozuda, completa: "são movimentos populares muito próximos e de uma força incrível".
No comando das pick-ups há 20 anos, o DJ Marcelo Doni tem uma explicação para o casamento ter dado certo. "A união se deu bem porque ambos são do Brasil. São quentes, alegres", diz. "A tendência é essa mesmo: a mistura de ritmos. Vai por aí. Não tem pra onde correr não. E eu sou favorável a isso. A criatividade prevalece. Eu acho que a pessoa que consegue colocar isso dentro do samba enredo tem muita criatividade", conclui Moacir, o Ciça.
MulheresE não foi só com o som que o ritmo do pancadão adentrou o samba e o Carnaval. As funkeiras têm, cada vez com maior frequência, participado das escolas e dos desfiles nas passarelas do samba.
Os movimentos de um são bem diferentes do outro. E então, como é que faz? "Bumbum pra cá, bumbum pra lá. Tem tanto no funk quanto no samba", explica a Ninja do Funk. "No samba você tem que usar mais os pés, mas dou minhas reboladas, boto a mão no joelho, depois levanto, começo a sambar de novo", conta Yani.
Este ano, assim como em 2010, Valesca é a rainha de bateria da escola de samba Águia de Ouro, em São Paulo. No Rio, ela é destaque da Acadêmicos do Salgueiro. Já a Mulher Filé desfila apenas na Sapucaí como rainha de bateria da Tradição.
fonte: Aquidauna News
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